Faz tempo que eu to querendo fazer um post sobre isso, mas acho que me faltava coragem. Minhas questões com amamentação começaram bem antes do Benjamin nascer, tudo por causa de uma cirurgia de redução de mama que fiz há mais ou menos 10 anos e que dependendo da maneira com que fosse feita podia prejudicar desde a saída do leite como até mesmo a quantidade produzida. Passei a gravidez pensando nisso mas confesso que no fundo eu tinha uma enorme ilusão de que o bebê já nascia, ia pro peito e mamava como um bezerrinho, simples assim. Tolinha eu...
Ainda na maternidade já foi super dificil, Benjamin só queria dormir e nada de mamar. as duas únicas vezes que consegui foi com muita ajuda da enfermeira e mesmo assim só por alguns minutinhos. Já fomos pra casa com a recomendação de dar complemento no copinho pois enquanto ele não quisesse/conseguisse pegar meu peito não poderia ficar sem se alimentar. No mesmo dia em que chegamos liguei para uma enfermeira especializada em amamentação (ela é maravilhosa! Recomendo!) e pedi pra ir lá em casa me ajudar, depois de umas 3 horas de tentativas ela conseguiu que ele mamasse mais uns 5 minutos no peito. Depois que ela foi embora cadê que eu consegui colocar ele no peito de novo. Cada mamada era um sofrimento, ele chorando porque não conseguia sugar e nem pegar meu peito, e eu super nervosa e chorando porque não conseguia amamentá-lo. Tínhamos sempre que depois complementar com LA no copinho. Enquanto isso eu ia tentando tirar o máximo de leite que eu conseguia com a bomba e colocava no copinho pra ele tomar, pois assim pelo menos ele tomava um pouco do meu leite.
Na hora da mamada era sempre assim: Primeiro eu colocava ele no peito pra que ele tentasse mamar um pouco e depois de um tempo eu complementava com o copinho. Na mamada seguinte eu começava com o copinho, depois dava o peito (pois as vezes ele se cansava de tanto tentar sugar no peito que não tinha mais forças pra mamar e só chorava) e no final eu ficava meia hora na bomba tirando tudo que eu pudesse pra próxima mamada e pra que a minha produção continuasse.
Enfim, os dias foram passando e a situação não melhorava e o Benjamin chegou a ficar quase 3 dias sem fazer cocô porque não estava mamando o suficiente. No final do primeiro mês descobri que eu tinha ficado com uma fibrose no bico do peito esquerdo resultado da minha cirurgia e por isso ele não conseguia pegar. Aos poucos ele foi aumentando a quantidade de leite por mamada e tivemos que passar pro esquema mamadeira e peito porque o copinho era muito pequeno. Minha produção de leite foi diminuindo e no final eu passava 1 hora na bomba por mamada e só tirava 30 ou 40 ml. No começo do segundo mês ele desmamou, eu já não tinha leite suficiente pra saciá-lo e ele acabava se cansando tanto de tentar que não mamava toda a mamadeira. Aquela sensação de estar fracassando como mãe ia me consumindo e eu passava a maior parte do dia chorando nos cantos da casa. Não conseguia tirar da cabeça a imagem daquelas campanhas de amamentação dizendo que meu filho ia ser menos inteligente, menos saudável e eu uma péssima mãe se não conseguisse amamentar. Cada vez que íamos na rua ou que recebíamos alguma visita era a mesma cena:
- Nossa como ele é lindo e tão gordinho! É só leite de peito?
- Não, ele já desmamou
- Aaaaah, que pena....Por que vc não insiste mais? (com aquela cara de pena e reprovação ao mesmo tempo, sabe?)
Aquilo pra mim era como um soco na boca do estômago que me deixava com as pernas bambas e ao mesmo tempo me dava uma revolta enorme. Poxa! Ela não estava na minha casa e não tinha acompanhado cada dia e cada hora em que eu me dediquei de corpo, alma e coração pra que conseguisse amamentar meu filho. E ninguém mais do que eu conhecia o sofrimento e a frustração de não ter conseguido.
A cada visita no pediatra eu perguntava se meu filho ia ser prejudicado de alguma maneira por não estar mamando no peito e mesmo ele sempre me dizendo que não ia acontecer nada, que o que mais importava era que ele estava saudável, engordando bastante e se desenvolvendo normalmente eu saía de lá com a sensação de que não tinha tido resposta, porque na verdade eu queria mesmo saber era se ele ia se sentir menos amado e se ia me amar menos, mas não tinha coragem de perguntar...
Aos poucos fui aprendendo a conviver com isso, aprendi a não me culpar e acreditei que tinha feito o meu melhor. Passei a não pensar mais nisso e só prestava atenção em como meu filho ia crescendo com saúde, engordando e se desenvolvendo como qualquer criança, e em como aquele momento em que eu o alimentava era especial. Havia muito amor, cumplicidade e uma imensa troca de carinho e energia mesmo sendo através da mamadeira. E agora quando vamos na rua a cena é assim:
- Nossa como ele é lindo e tão gordinho! ainda mama no peito, né?
- Claro, e muito!
A pessoa fica feliz e não pergunta mais nada e eu não me estresso e nem me entristeço.
Benjamin hj é um bebê lindo, saudável e muito esperto. Só teve 2 resfriados e nenhuma febre nos seus 8 meses de vida e eu sou uma mãe dedicada, apaixonada e nem melhor ou pior do que qualquer outra mãe que amamente seu filho. Com certeza no meu próximo filho vou tentar tudo de novo, porque acredito muito na amamentação exclusiva e acho que quando ela é possível deve ser sempre a primeira opção.
Essa é a minha história, totalmente pessoal e intransferível. Mas através dela gostaria de dar um ombro amigo às mães que tiveram ou tem o mesmo problema mesmo com muito esforço e total dedicação e que se sentiram tão fracassadas quanto eu, mas que eu tenho certeza que são mães maravilhosas de filhos maravilhosos iguais a qualquer mãe que tenha ou não amamentado seu filho exclusivamente até os 6 meses.
E volto a dizer, sou totalmente sem qualquer sombra de dúvida a favor da amamentação exclusiva até os 6 meses e tenho uma super inveja (invejinha boa tá gente?) daquelas que conseguiram. Mas no meu próximo rebento tamos aí de novo e a esperança é a última que morre!